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A disputa eleitoral entre Donald Trump e Joe Biden se converteu numa das mais singulares na história dos Estados Unidos, não só pelo choque de personalidades, mas também por tudo que a pandemia trouxe consigo, desde altas taxas de desemprego até o próprio contagio de Trump. É por isso que os olhos do mundo estarão atentos na terça dia 3 de novembro, o dia em que se determinará quem será um dos personagens mais influentes no mundo e nos mercados financeiros nos próximos 4 anos.

Como funcionam as eleições nos Estados Unidos?

Antes de falar especificamente dos candidatos, é fundamental entender que, diferente do que acontece em muitos países, uma maioria absoluta não elege o presidente nos Estados Unidos. No gráfico 1 podemos ver as partes mais importantes deste processo, que iniciou em janeiro deste ano com as chamadas “primárias”, que são as eleições internas de cada partido entre seus pré-candidatos. Esta parte foi muito disputada para o partido Democrata, que incluiu Bernie Sanders – que também foi pré-candidato nas eleições passadas -, mas finalmente Joe Biden, o antigo vice-presidente de Barack Obama, foi o ganhador. No caso do partido Republicano, mesmo com outros pré-candidatos, a nomeação do presidente Trump estava garantida desde o começo.

Depois que os debates terminam – até agora só aconteceu o primeiro -, e com a grande incógnita da possibilidade de realizar os demais diante do resultado positivo de Coronavírus do presidente Trump, na terça dia 3 de novembro os delegados votarão no Colégio Eleitoral. O candidato que obtiver pelo menos o voto de 270 dos 538 possíveis será o novo presidente. Esta é a diferença em relação aos outros sistemas eleitorais: a votação não é direta, os cidadãos elegem os delegados dos candidatos, os quais por sua vez emitem seu voto por determinado candidato.

O colégio eleitoral outorga um número de delegados específico para cada seção, então os candidatos devem ganhar estado por estado para poder chegar aos 270 votos mencionados anteriormente. Outro elemento importante a ter em conta é que nem todos os estados representam o mesmo número de votos, já que isso depende do número de distritos congressionais que tiverem. Por exemplo, Califórnia tem 55 eleitores, Texas 38 e Flórida e Nova York 29 cada um, mencionando os de maior número. É por isso que o seguimento dos avanços nas campanhas eleitorais vai acompanhado de perto do apoio nos estados.

 

Trump x Biden

Como já foi mencionado, o republicano Donald Trump e o democrata Joe Biden já tiveram seu primeiro debate no dia 29 de setembro, o qual foi um encontro meio caótico e agressivo que deixou mais incertezas que certezas. Neste contexto, Biden saiu fortalecido, demonstrando que pode suportar a pressão, apesar das críticas pela idade.

Além disso, não podemos esquecer que este ano foi teste duro para a administração Trump, questionada por sua demora e falta de liderança na resposta diante do Coronavírus, que já soma mais de 200.000 mortes nos Estados Unidos. Isso gerou um impacto econômico com uma contração do PIB de -31,4% anualizada para o segundo trimestre do ano e uma taxa atual de desemprego de 7,9%, o que implica aproximadamente 12,5 milhões desempregados, junto com os problemas sociais que apareceram em diferentes cidades.

Num contexto que favorece a campanha de Biden, a disputa com Trump continua muito equilibrada de acordo com os dados publicados pela Bloomberg que mostram 49,9% a favor de Biden e 43,1% a favor de Trump.

Trump e Biden, sobre temas mais relevantes da atualidade:

Covid-19: Em relação à Pandemia, suas visões são opostas. Na administração Trump vimos como deixou grande parte das decisões e responsabilidades nas mãos dos governadores, enquanto Biden promete lidar de maneira mais centralizada na Casa Blanca, incluindo medidas como maior alcance aos testes gratuitos e implementar o uso de máscaras nacionalmente.

Infraestrutura: Em seus programas, ambos candidatos querem aprovar no Congresso leis de infraestrutura, o que implicaria quantias a partir de 1,3 a 2 bilhões de dólares. No caso de Biden, este plano inclui um investimento grande em energias limpas.

Impostos: Outro dos pontos onde mais se diferenciam é na gestão tributária. Biden declarou sobre reverter os cortes de impostos às grandes empresas realizados por Trump e ampliar a aplicação do imposto de previdência social a rendas superiores a US$400.000 dólares por ano. Por outro lado, a administração atual tenta estender os atuais cortes até 2030, cujo vencimento atual é 2025.

Saúde: Biden esteve junto com Barack Obama quando foi criado o Obamacare ou a lei de assistência médica acessível (Affordable Care Act), que expandiu o alcance e a cobertura de medicare; e suas intenções continuam alinhadas a estas ideias, mas também propõe uma opção de seguro público no lugar de Medicare para todos (Medicare for all). Por outro lado, a campanha de Trump se centrou em cortar o gasto público em saúde.

Comércio: Se uma coisa definiu a administração Trump foi o conflito comercial com a China e a guerra fria tecnológica que os dois países estão travando. Para este segundo período, parece que isso continuará igual. Por outro lado, Biden mencionou que a forma de pressionar a China em relação a propriedade intelectual é se unindo com aliados e não utilizando as tarifas unilaterais como arma.

Mesmo que a atual disputa eleitoral nos Estados Unidos esteja muito distante de ser habitual – incluindo um candidato positivo para Covid-19 -, é nas diferenças de seus programas e enfoques onde vemos o reflexo de um país profundamente dividido. Nesse sentido, a pandemia só evidenciou ainda mais estas diferenças e é por isso que o resultado do próximo dia 3 de novembro será mais difícil de prever do que nunca. Estados Unidos está enfrentando uma encruzilhada política, econômica e social como poucas vezes vimos em sua história. Estaremos atentos.

Artigo elaborado por Gandini Análisis para SupraBrokers apenas como conteúdo e em nenhum caso se considera uma recomendação de investimento.

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